PANELAS E O MEDO DA MUDANÇA
Não é exclusividade do povo panelense o receio quase que instintivo de sair da zona de conforto. Isso é uma tendência de praticamente to...

https://www.panelaspernambuco.com/2019/06/panelas-e-o-medo-da-mudanca.html
Não
é exclusividade do povo panelense
o receio quase que instintivo de sair da zona de conforto. Isso é
uma tendência de praticamente todo ser humano, especialmente os que
prezam pela rotina, pela repetição diária e pela famosa ilusão da
segurança. O medo do desconhecido. O medo da atualização. O medo
do novo. O medo do que pode mudar tudo porque tudo sempre pode
piorar. Isso é natural, especialmente quando a novidade ameaça pôr
em dúvida tudo o que nós acreditamos piamente ser a realidade. E
mesmo que seja verdade o que a novidade traz, ficamos receosos, já
que a mentira parece ser algo menos perigoso e desafiador do que a
verdade.
O
problema é que nenhuma sociedade sobrevive quando é guiada apenas
pela mentira. Penso que não somos donos da verdade e nem detentores
do que é justo. Somos buscadores da verdade e eternos servidores da
justiça. Isso quando nos comprometemos com a realidade, pois a
mentira não é outra coisa, senão a negação da realidade. E o que
é a realidade? Ora, é um mundo que nos cerca. É o fato. É aquilo
que está diante de nós e não a interpretação que fazemos.
Pois
bem, durante mais de duas décadas o panelense vem sendo compelido a
negar a realidade. O desgoverno frequentou uma rádio de outro
município para falar de Panelas sem nunca explicar porque Panelas
não tinha sua própria rádio. O município viu seu vizinho, Cupira,
que antes era uma vila panelense, crescer e ficar economicamente mais
sólida do que a própria Panelas. E o que se fez com esse dado real?
Apenas se fez uso de retórica falaciosa para dizer que o município
é pequeno, mas vai crescer; é carente, mas está melhorando; é
atrasado, mas é promissor. Enfim, se afirma a realidade (“pequeno”,
“carente”, “atrasado”) e se faz uma conclusão falsa (“vai
crescer”, “está melhorando”, “é promissor”). Em outras
palavras, os políticos sabem qual é a realidade; à descrevem,
mas negam a existência da consequência da realidade. Citar
dados reais e fazer conclusões falsas é um meio de ludibriar os
espectadores que viram expectadores eternos do que jamais virá.
Dado
da realidade: falta água na cidade desde a década de 90 (antes
disso não se tem notícia). Dado da realidade: os mesmos políticos
que estão no poder hoje prometeram desde a década de 90 que
resolveriam o problema. Pediram recursos, supostamente também
gastaram recursos, decretaram estado de emergência, prometeram mais
uma vez, foram eleitos várias vezes e o problema ainda é o mesmo.
Não chove menos hoje em dia do que antigamente. Do meio para o final
de abril chove, depois para. Do meio para o final de junho chove,
depois para e mais uma vez no final de ano dá um sinal de chuva
rápido. Depois chove novamente logo após o carnaval. Sempre foi
assim! Chuva é coisa de Deus, minha gente! A seca é que é coisa de
ser humano.
Se
os políticos ganhassem alguma coisa com o bem do povo, eles ouviriam
Antônio
Conselheiro e fariam
o sertão virar mar. Conclusão:
A seca mantém as pessoas constantemente necessitadas; elas recorrem
aos que têm meios financeiros de suprir a falta, os políticos têm
os meios e promovem assistência. A população sente que precisa
daquela figura “protetora” e confia nela.
O
que o cidadão não está percebendo é que esse ciclo, que chamo de
retroalimentação da desgraça, é utilizado pelo agente político
que alimenta a desigualdade e se alimenta da desigualdade. Logo,
quando ele presta assistência, em vez de resolver o problema, ele
está colocando mais lenha no forno da cremação do progresso. O
sistema simplesmente funciona assim: os mesmos nomes sempre estarão
no poder, as mesmas pessoas sempre estarão precisando, e assim os
grupos oligárquicos estarão cumprindo seu papel de chefes do curral
eleitoral e financeiro dos coronéis.
Isso
é assustador, mas por incrível que pareça, a maioria da população
teme a mudança. E seguem com aquelas perguntas: como seria se o
município só contratasse por concurso público? Eu passaria? O que
aconteceria se a meritocracia fosse a grande responsável pela
entrevista pré-contratação? O que aconteceria aquele vereador que
tanto “me ajuda” não o fizesse mais? Como seria minha vida se a
cidade deixasse de ser “pequena”? Como viver num lugar onde a
educação prevalece sobre o status? E depois eu passo a fazer meu
papel socrático e perguntar: com quem você se parece quando não
está de máscara? Como seria sua vida se tudo o que acredita ser
real não passasse de uma mentira? Você que sabe dos “cambalachos”
dos seus amigos e parentes, se sente cúmplice em algum momento? Você
que trabalha há anos na prefeitura, quantos tempo de contribuição
tem? Com que carimbo gravaram sua carteira de trabalho? (ela está
carimbada?).
O
medo da mudança é perigoso. A notícia boa é que somente quem tem
medo pode ser corajoso, já que a coragem nada mais é que ter medo e
agir apesar dele, ou seja, enfrentar o medo com inteligência. A
mudança pode ser conquistada nos pequenos momentos do dia. O sistema
pode ser vencido por panelenses que se recusam a viver eternamente na
mesma bolha (para usar uma expressão do meu irmão Jotta-Jotta). A
bolha é a limitação. A bolha é a caverna. A bolha é o medo do
que está
por vir. O que posso garantir é que o que está
por vir, caros conterrâneos, é inevitável. Shakespeare foi
assertivo ao dizer que a mudança terá que acontecer, o que tiver de
vir virá e o “estar pronto é tudo!”.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciado em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia - Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor e intérprete, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente faz parte do Sindicato dos Compositores e intérpretes do Estado de São Paulo, também é comentarista político na Trianon AM 740 e colunista do Jornal SP em notícias.
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciado em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia - Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor e intérprete, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente faz parte do Sindicato dos Compositores e intérpretes do Estado de São Paulo, também é comentarista político na Trianon AM 740 e colunista do Jornal SP em notícias.
Contato:
movimentoculturaloficial@gmail.com
pierreloganoficial@gmail.com
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