IMPRESSÕES INICIAIS
Sim! Eu estou em Panelas. Foi preciso apenas umas voltas para constatar empiricamente que tudo o que falei que estava ruim e fui questionad...

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Sim!
Eu estou em Panelas. Foi preciso apenas umas voltas para constatar
empiricamente que tudo o que falei que estava ruim e fui questionado por
argumentos do tipo: “Venha dar uma volta e ver pessoalmente.... Blá, blá,
blá...”, é um pouco pior do que eu imaginava quando via de longe. A primeira
impressão é a que fica e a segunda complementa a primeira que ficou. Pouco
importa. Estou em outro “movimento” e mesmo sentindo de longe o cheiro da
podridão política que há aqui, o povo de Panelas sempre me mostra que vale a
pena defender o que defendo. Esta semana pretendo escrever, excepcionalmente,
mais de um artigo.
Não
importa se o motivo foi o sorriso de um idoso cansado demais para não ter
esperança ou de uma criança que correu para me abraçar. Não importa se minha
felicidade decorreu apenas de um abraço apertado de alguém que nunca tinha me
visto, mas que lia minhas palavras e se mantinha perto demais para não nos
tratarmos como velhos amigos, cujas conversas tivessem ultrapassado dias, meses
e anos. Me alegro e me enfureço com coisas simples. É uma de minhas qualidades
mais assustadoras e louváveis. Não estou me gabando, apenas fazendo um
diagnóstico que versa basicamente sobre minha sensação de pequenez diante de um
sentimento imenso que se torna gigante na medida em que encontra a razão de
tanta preocupação.
A
maioria não enxerga como eu enxergo a maioria das coisas. Isso não é problema.
Mas deixe-me pontuar que dentre todos os grandes problemas que temos em
Panelas, a política fez com que a própria política fosse o menor. É um tipo de
vício. Um tipo de sentimento de superioridade que não se esconde. Esse
sentimento se projeta nos sorrisos
daqueles que acreditam que “pobreza é defeito e bebedeira é virtude”. Depois de
um tempo sozinho comecei a pensar se uma mudança significativa seria possível.
A conclusão foi que há mudança é possível, mas ainda pode demorar umas gerações
para começarmos a sentir isso.
Cada
um de algum modo acha que está fazendo sua parte. De fato, está. O grande
problema é que cada pessoa trabalha na sua parte isoladamente, quando é sabido
que as coisas só começam a “andar” quando cada um faz sua parte em conjunto. É
somente analisando a possibilidade de achar a melhor forma possível de
convivência para todos, que encontramos em nós o motivo de sermos o que melhor
temos no mundo que melhoramos para outras pessoas. Mas tem algo que impede os
jovens de terem uma vida minimamente sobrea para serem tratados por eles mesmos
com seriedade. Não há de fato um bom padrão de referência.
Quando
digo “padrão de referência” estou me referindo as crianças que crescem com
bêbados, políticos malandros, pessoas “amigas do rei” e gente que tem vantagens
por participar, em certa medida, do grupo dos sortudos companheiros da corte. A
promessa de resolução do problema da água é uma mensagem simples e prática de
que não se precisa cumprir o que se promete. Eis o padrão de referência. É
trivial e manjado tocar neste ponto, mas estou falando das impressões iniciais
que tive e a descrição de situações e comportamentos pré-fabricados que não
funcionam. Estou falando de autômatos juvenis que já passaram dos 35 aninhos de
vida. Estou falando de gente que não sabe que tudo é uma questão de perspectiva
de melhoramento de vida através do trabalho honesto e edificador que não existe
porque convém aos que alimentam a desigualdade para ela crescer e depois se
alimentar dessa mesma desigualdade.
A
situação é que o povo quer, mas parece ter entrado num profundo sebastianismo.
A impressão que se dá é que estão esperando alguma coisa acontecer porque de
alguma forma sabem que tal sistema é nocivo e que não se sustenta sozinho. É
preciso corroer e enganar. É preciso engolir e engordar. É preciso mentir e
reinventar a mentira para repetir e repetir os mesmos discursos sem lógica para
construir uma “verdade” falseada.
Cada
pessoa, pelo que me parece, se fechou dentro de um pequeno sistema. Cada
cidadão se fechou em um círculo pequeno de preocupação consigo mesmo e por isso
não percebeu que a mudança não depende necessariamente de quem representa, mas
talvez da forma que cada um se representa para quem o representa. É preciso
mudar, mas pelo que me parece, aqui; a mudança assusta.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. OAB-SP 218968E.