A PREFEITURA COMEÇOU A CONTRATAR

https://www.panelaspernambuco.com/2016/10/a-prefeitura-comecou-contratar.html
Vai
dizer que não percebeu ainda? Não sejamos inocentes, companheiros (risos), as “famílias”
que estão trabalhando na prefeitura são praticamente as mesmas há mais de vinte
anos. Comece a citar mentalmente os sobrenomes dos ditos “funcionários
competentes” e verá que estou falando a verdade. Só não se esqueça de não dizer
isso em voz alta, pois é perigoso criticar a forma carcomida do desgoverno panelense
(a ameaça é seletiva, tá?).
Não pense
que estou falando da família “A” ou “B” e excluindo a minha. Tem uns bostas aí
da minha família também que não vale o ar que respira, vivendo de quatro há
mais de uma década (vergonha). Família a gente não escolhe. Sinto-me
decepcionado e envergonhado com esses, no entanto, entendo que quem não tem
virtude está fadado a viver como escravo e morrer de joelho enquanto implora
para ser recontratado, simplesmente porque viveu como um parasita e não tem
condições de vencer na vida por sua própria capacidade.
Vão
começar com aquela velha ladainha de: “você já trabalhou na prefeitura”, “você
está com inveja” blá-blá-blá etc., bem, mesmo quando trabalhava já tinha
problemas porque nunca poupei críticas ao desgoverno. O que é uma merda é uma
merda e está afundado nela lambendo e dizendo que é chocolate não muda o fato
de que é uma merda. Por essa razão abandonei o contrato (por vontade própria ou
dignidade mesmo) e vim para São Paulo; nunca me acostumei a viver enjaulado. A
questão de inveja não vou nem comentar, já falei que não há o que invejar em
marionetes semianalfabetas e sem educação que ganham menos que um estagiário.
Muito bem,
em 2014 o diário eletrônico do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco nos
disse mais ou menos o seguinte: “parem com os contratos de cabresto, há 14 anos
que vocês não fazem concurso público. Tomem vergonha nessa cara feia de vocês e
façam o levantamento da necessidade do pessoal para a execução do serviço” –
Grifo nosso. Agora que já fiz a parte da esculhambação (porque nem só de
argumentos cultos viverá o filósofo), vamos para a lógica maquiavélica do
desgoverno de Panelas.
O TCE
desconfiou das contratações porque estava patente a necessidade de concurso
público e também porque, como falei no primeiro parágrafo, sempre eram as
mesmas pessoas que eram contratadas para fazer exatamente a mesma coisa, mas os
contratos não são apenas para amarrar o eleitorado no curral da situação. Isso
não bastaria. Temos que analisar quem são os majoritariamente contratados
temporariamente. Se você analisar bem, verá que são justamente os professores.
Os
professores, estando bem presos ao cabresto da dominação, fica fácil porque, uma
hora ou outra, alguém vai passar pela sala de aula (mesmo que não aprenda). Se
não concorda pode começar a berrar o que quiser, eu estudei em Panelas e perdi
a conta de quantas vezes minhas poesias foram censuradas nas “feirinhas” ou “concursos”
porque falavam a verdade sobre Vossa Santidade (o prefeito). Curiosamente meus
dois únicos escritos que foram apresentados para o público no fundamental e no
ensino médio foram justamente o que escrevi um monte de bobagens sobre uma
Panelas que não existia mais. Panelas é um tipo de país das maravilhas só com
personagens sem graça. Aí quando aparece alguém como eu, a “rainha” sai
espalhando pelas reuniões: “cabeças, cabeças eu quero cabeças”.
Desde
de cedo a ideia foi fragilizar a educação. Uma cidade com uma educação
deficiente não é difícil de ser dominada. Quantas vezes você já viu algum
contratado pela prefeitura falando mal do desgoverno? Difícil. Todos intendem,
ainda que não admitam, que há uma clausula implícita no contrato com a
prefeitura que diz que você não pode criticar o sistema se fizer parte dele.
Vocês sabem que essa é a verdade, mas a única verdade é que toda verdade pode
ser questionada e a conversa de que Sérgio Miranda é o dono da verdade é a
mentira mais contada. E sabemos o que acontece quando uma mentira é repetida
muitas vezes.
Em
suma, as mesmas pessoas estão “no poder” há décadas. Eles ficam ricos e
empobrecem o resto do povo. Sua principal arma é usar o contrato como uma
mordaça para deixar a população resignada e entregue a suas necessidades. São
parasitas que vivem da desgraça dos trabalhadores. Escolheram a educação para
amarrar o maior número de professores possível. Desta forma, os professores não
se sentem livres para desenvolver sequer o seu próprio senso crítico, não sendo
possível, portanto, desenvolver o senso crítico dos seus alunos. Constrói-se,
por fim, uma sociedade onde não se pode discordar, pensar e nem viver, porque
viver pela vontade do outro não é viver. Sem liberdade não é possível viver em
paz e nem morrer em paz. A prefeitura começou a contratar (se é que pararam um dia) no primeiro dia em
que se falou em eleição e todos sabemos que os que imploram pela recontratação
são os mesmos que imploram há anos por isso. Não escolheram a posição
contratualista se é o que pensam, porque já não pensam e isso faz parte do
contrato. Será que vale a pena mesmo?
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias.
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