OBRAS INACABADAS DEIXAM ESTUDANTES DA UFPE E UFRPE EM SITUAÇÃO DESCONFORTÁVEL
Museu de obras. É assim que os alunos da unidade acadêmica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) de Serra Talhada, no Sertão d...

Em Serra Talhada, onde estudam 4.025 alunos da UFRPE, está parada a construção de dois laboratórios, dois prédios com salas de professores e a residência estudantil. Em Garanhuns, no Agreste, cidade em que a Rural também tem unidade acadêmica, são quatro obras na mesma situação: um prédio administrativo, um para necropsia de animais, outro para salas de aula, além de um reservatório de água. Lá estudam 1.780 alunos. Com a paralisação, o jeito é improvisar. Estudantes de agronomia e medicina veterinária de Garanhuns, por exemplo, assistem a aulas em um auditório.
"Falta de sala de aula é o nosso maior problema. Como estudo à noite e são só dois cursos nesse horário, não sinto tanto. É mais difícil para os colegas dos turnos da manhã e da tarde, que são maioria", diz o estudante Erick Henrique Moraes, 21 anos, do curso de letras de Garanhuns. "Cada semestre chega mais gente e não há a expansão. O aprendizado fica comprometido. Do jeito que está, a Rural de Garanhuns não tem mais condições de receber novos alunos", complementa o jovem.
A situação de Serra Talhada motivou um grupo de mais de 200 alunos a realizarem um protesto, mês passado. Eles também redigiram um documento relatando o problema, com mais de mil assinaturas, e encaminharam para o Ministério Público Federal (MPF). "É complicado porque a universidade aumentou o número de alunos, mas não cresceu em infraestrutura. Mais da metade dos estudantes é de outras cidades. É revoltante não termos residência universitária. A masculina está pronta, ainda não foi inaugurada. A feminina está parada", comentou o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Cloves Silva, que divide apartamento com três colegas.
Com a adesão da Rural ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do MEC, o vestibular foi extinto e qualquer estudante do Brasil pode concorrer às vagas. "Uma colega de engenharia de pesca entrou no site da universidade e viu que havia residência estudantil em Serra Talhada. Ela é do interior de São Paulo. Veio para cá porque contava com a moradia. Ao chegar, soube que a obra estava abandonada. Hoje ela mora de favor na casa de uma pessoa e anda quatro quilômetros todos os dias para não perder as aulas, pois não tem dinheiro para passagem e sobrevive com uma bolsa de R$ 70 paga pela Rural", relatou Cloves.
FEDERAL - A UFPE assegura que não tem obra parada. Um dos serviços foi a recuperação da rede elétrica dos Centros de Ciências Biológicas e de Ciências da Saúde (cerca de R$ 342 mil), iniciada em meados de 2009 e concluída este ano. Oitenta por cento da obra foi executada. A universidade e a empresa decidiram que o serviço realizado era suficiente. Por isso, está sendo assinado um distrato. Como o processo não está concluído, a obra consta, no MEC, como inacabada. A outra é o sistema viário do câmpus do Agreste, em Caruaru. O trabalho também começou em meados de 2009 (R$ 1,69 milhão). Devido à necessidade de assinar um termo aditivo, a execução foi suspensa em março deste ano e deve ser retomada em agosto.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO